Inovação e empreendedorismo: entenda mais sobre o assunto

A palavra inovação significa criar algo novo. Derivada do latim innovatio, refere-se a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores.

Este conceito revela modernidade, e se tratando de uma universidade como a PUC Goiás,  é vital ter projetos inovadores e ambiente de criação para gerar inovação, visto que estas servirão para atender os anseios da sociedade.

É nesse contexto que nasceu a Agência de Inovação da PUC, na Escola de Negócios (atual EDNC). O professor Ricardo Luiz Machado (foto), coordenador da iniciativa, explica que a diferença entre uma empresa e um empreendimento é justamente a inovação que o empreendedor agrega ao produto e ao processo que ele oferece ao mercado, o que, às vezes, o empresário não tem condições de fazer.

“Passado esse período de maturação da agência, que foi muito bem conduzido pelo professor Antônio Bandeira (coordenador anterior), ela agora vai para uma segunda fase, mais envolvida com a questão da inovação tecnológica, que vai além do negócio empreendedor”.

Atualmente, a Agência de Inovação da PUC Goiás trabalha com a Incubadora de Empreendimentos Inovadores e com o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), agora em nova sede, na Escola Politécnica, na Área 3.

O professor cita que cinco são as fontes de inovação na PUC Goiás: incubadora, mercado, grupos de pesquisa, programas institucionais de bolsas de iniciação em desenvolvimento tecnológico e científico (Pibiti) e programas stricto sensu, mas, atualmente, apenas a incubadora desenvolve essa finalidade.

“A incubadora já existe dentro da estrutura da agência. A diferença é que agora nós estamos propondo que ela tenha um enfoque mais bem definido para produtos que, de fato, carreguem essa característica inovadora e, para isso, nós vamos criar uma estrutura de avaliação das propostas que chegam até a incubadora, de forma que a gente consiga definir de forma mais precisa os produtos que  carregarem características diferenciadoras daquelas que existem no mercado”, cita.

Diferencial de uma proposta

A ferramenta de inovação pode ser simples, como o uso da tecnologia por meio de um aplicativo de celular, ou mais sofisticada, por exemplo, como a produção de impressoras 3D, parceria entre a PUC Goiás e a Fapeg, por meio do edital do Programa Centelha, que visa viabilizar um produto que ainda não existe no mercado.

As propostas que carregam esse tipo de inovação são submetidas à uma comissão que vai ser constituída por um membro da agência de inovação, um da incubadora e um do núcleo  de inovação tecnológica, para verificar se o produto, comparado com outros da mesma natureza, carrega características que o diferenciam.

A incubadora tem uma capacidade limitada de atendimento de projetos e, por isso, deve ser atendido o princípio da efetividade da proposta (por efetividade entende-se o potencial da proposta de gerar o produto ou processo inovador, patente ou depósito de uma patente no fim de uma série de processos desenvolvidos).

Uma outra fonte de inovação são os grupos de pesquisa da PUC. Nesse sentido, a união com o Congresso de Ciência e Tecnologia se fortalece, porque existem vários projetos de pesquisa financiados pela PUC com características inovadoras.

Do projeto ao produto

O professor refere que alguns projetos, naturalmente, já geram produtos inovadores: “Na área de saúde temos vários projetos de características inovadoras sendo desenvolvidos, na engenharia também. O que nós precisamos agora é articular melhor essa indução para a inovação e a ideia é atuar nos grupos de pesquisa. Nossa proposta é que os grupos tenham, necessariamente, três características em suas estruturas: competência científica, gerenciamento do grupo de pesquisa e captação de recursos para que seja possível financiar os projetos que vão gerar produtos inovadores”, esclarece.

Outra fonte importante é a dos programas institucionais de bolsas de iniciação em desenvolvimento tecnológico e inovação (Pibiti), que são bolsas destinadas à geração de produtos inovadores. O trabalho é feito pela Coordenação de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Prope) junto com a coordenação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT).

Os programas stricto sensu da PUC Goiás (mestrados e doutorados) também podem ser fontes de inovação.

“A avaliação é um pouco mais criteriosa dos demais projetos para assegurar que, de fato, ao fim, nós tenhamos condições de fazer uma solicitação de um depósito e de uma patente, porque o projeto chegou a um resultado final com uma característica inovadora. Essa é uma das fontes mais importantes dentro da universidade”, ressalta. Atualmente, a PUC Goiás tem pouco mais de uma dezena de bolsas do Pibiti.

Colocando as ideais em prática

A incubadora e o núcleo de inovação tecnológica (NIT) são unidades da agência de inovação e uma das propostas discutidas na reunião de planejamento de fim de semestre é a implantação do escritório de gerenciamento de projetos ou negócios, fundamental para apoiar os projetos que chegam até a incubadora, mas que carecem de uma estrutura de gerenciamento para conduzi-los em todas as etapas. Essa é uma unidade considerada essencial.

Dentre as funções básicas do processo está o gerenciamento das etapas do projeto: “Nem sempre o pesquisador tem esse conhecimento e quer colocar sua energia nisso. Ele quer ficar com a criação, com o desenvolvimento da ideia, porque quando o pesquisador se envolve com questões burocráticas, se desmotiva”, relata.

Financiamentos

Outra questão de fundamental importância é a captação de recursos, exibir as fontes de financiamento. Neste ano, a PUC Goiás já participou de 3 editais da Finep para captação de recursos para projetos maiores, como a criação do espaço maker (onde as coisas vão se materializar, por isso que é tão importante dentro da estrutura da agência de inovação), que é um projeto de mais de R$ 2 milhões.

No início do ano, participou de outro para a criação de infraestrutura para laboratório, também no valor aproximado de R$ 2 milhões. São projetos grandes que vem do Ministério da Ciência de Tecnologia e Inovação (MCTI), pela Finep.

A parte administrativa da inovação terá uma unidade dentro da agência: o hubby de inovação, que é justamente o ambiente onde o empreendedor encontrará outros empreendedores.

Partilha do conhecimento

Outro aliado nessa perspectiva do empreendedorismo inovador é o fórum de disseminação da inovação, cujo objetivo é estimular a cultura da inovação  por meio de seminários, palestras, workshops e encontros.

“Por meio dele é que nós vamos mostrar como deve ser feito o movimento de desenvolvimento da inovação tecnológica, usando exemplos também de pessoas ou organizações que conseguiram inovar e trazer para a universidade de forma perene esses eventos para mostrar inovação”, cita.

Ricardo Machado destaca também que, apesar de pesquisa e inovação caminharem juntas, a inovação pode vir de um movimento empreendedor desarticulado, “se ela vier de uma pesquisa bem estruturada, ela nasce muito mais forte no contexto da universidade. Essa é uma concepção muito interessante: a associação da pesquisa com a concepção da agência de inovação e pesquisa”.

Espaço físico

A Agência de Inovação pretende ter sede no polo tecnológico da Escola de Engenharia, na Área 3. O projeto com detalhes da proposta foi encaminhado à Finep: “A intenção era começar a trabalhar esse ano. Já fizemos os levantamentos de equipamentos, estamos bem empolgados, mas, pra ir adiante, a gente precisa ter o projeto mais integrado, inclusive, com o desenvolvimento desse escritório, que precisa avançar também, porque nossa proposta é de estabelecimento de parceiras com o setor produtivo”, informa.

Outro objetivo com relação ao laboratório é que ele seja autossustentável e preste serviço, além de atender a universidade.

Para finalizar, o professor Ricardo Machado faz a seguinte reflexão: “Eu costumo dizer que a gente não precisa ter muitos projetos, mas alcançar mais efetividade nos resultados para podermos apresentá-los. Não vejo sentido em termos muitos projetos e pouca produtividade. Precisamos ter poucos projetos no primeiro momento. Um passo de cada vez, mas que tenhamos efetividade mesmo. Termina o projeto, está feito o depósito da patente, tem o produto inovador e o negócio feito em parceria com a PUC e com o empreendedor. As pessoas estão vendo e a gente consegue administrar de uma maneira mais efetiva também em quantidade”, conclui.

Para mais informações, os interessados podem acessar a página: https://sites.pucgoias.edu.br/home/inovacao/

(Texto: Marília Siqueira, jornalista)