Universidade é homenageada pelo apoio à população negra

O trabalho da PUC Goiás pela população afrodescendente no Estado foi reconhecido pela Câmara Municipal de Goiânia, em sessão realizada na noite desta segunda-feira, 27. Cerca de cem afroempreendedores, além de empresas e instituições que apoiam negócios que geram renda e oportunidade para negros, foram homenageados. Em Goiás, segundo a Coletivo de Empresários e Empreendedores Afro-brasileiros (Ceabra) já são cerca de 453 mil empreendedores de origem afrodescendente, em diferentes segmentos de atuação, que divulgam e comercializam produtos voltados para a valorização da negritude e da cultura negra.

O reitor da PUC Goiás, prof. Wolmir Amado, lembrou que há mais de três décadas a universidade tem o Programa de Estudos e Extensão Afro-brasileiro (Proafro), que faz parte das ações permanentes da instituição. Além disso, os estudos sobre a África foram incorporados às matrizes curriculares, conforme exigência legal; existem inúmeras iniciativas ligadas ao Programa de Direitos Humanos (PDH) e a temática segue sendo trabalhada com pesquisas na graduação e na pós-graduação, aponta o gestor da universidade.

“Esse reconhecimento corresponde às causas que a universidade há décadas abraçou e empenhou-se em defendê-las, que alocou recursos, potencialidades, empenho, envolveu a academia, esteve em sintonia com os movimentos sociais e vem colaborando, claro, por um mundo de dignidade, de respeito para todas as etnias e faixas etárias. Quando a sociedade assim reconhece, é algo que leva a uma efetividade, a um comprometimento ainda maior, de nossa parte, do ponto de vista institucional, e aponta que estamos na direção certa. Um projeto educativo que se preze considera todas as dimensões da vida e o cidadão integralmente”, refletiu.

Calouro de Engenharia da Computação, o bissau-guineense Mário Fernando Ca, 32 anos, foi um dos homenageados. Bolsistas pelo Vestibular Social, ele mora em Goiânia há um ano, depois de quatro anos vivendo um Curitiba. “Trabalhei mediando a relação entre empresas de importação curitibanas com de países como Congo, Senegal e Costa do Marfim. Em Goiânia, estou atuando também com importação e abri uma empresa”, relata.

Ensino superior

O gestor da PUC Goiás apontou o Vestibular Social como uma ferramenta para a inclusão da população negra no ensino superior. O programa, criado pela universidade em 2010, oferta bolsas de 50% de desconto na mensalidade, até o final do curso. Segundo ele, grande parte dos ingressantes na instituição por meio dessa modalidade se autodeclararam afrobrasileiros. “É uma inclusão social e também étnica. Nós coparticipamos dos esforços, no País, pela valorização de todas as etnias”, frisou.

Hoje, a universidade tem quatro estudantes de graduação oriundos do continente africano, por meio do Programa de Estudantes de Graduação (PEC-G), do Ministério da Educação (MEC), em parceria com o Ministério das Relações Exteriores. Em maio, durante a Jornada da Cidadania, assinou convênio de intercooperação internacional com o Instituto Superior Politécnico Católico de Benguela, da Angola. A parceria garantirá intercâmbio de professores, publicações e experiências.

Trabalho e renda

O vereador Rogério Cruz ressaltou o trabalho da PUC Goiás no apoio aos afroempreendedores, aumentando as possibilidades de renda e emprego para os negros do Brasil. Citando levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de 2015, com base na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad), ele citou que em uma década o número de negros que empreendem subiu 29%.

“São afroempreendedores que buscam seu espaço, buscam informações e conhecimento para tirar suas ideias do papel e fortalecer as políticas de combate à discriminação racial, que infelizmente é muito grande”, afirmou.

A superintendente Executiva dos Direitos Humanos da Secretaria Cidadã de Goiás, Onaide Santillo; e o secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo Júnior, também estiveram na homenagem.

Fotos: Wagmar Alves