Universidade discute história pública em evento preparatório para encontro regional
Reflexões sobre a valorização das oralidades tradicionais e o fortalecimento da história pública marcaram o ciclo de debates promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História da PUC Goiás na noite desta segunda-feira, 26, na Escola de Formação de Professores e Humanidades (EFPH).
A atividade antecedeu o XV Encontro Regional Centro-Oeste de História Oral, que iniciou nesta terça-feira, 27, e continua até o dia 29 de maio, na Cidade de Goiás, com a temática Emergências climáticas, oralidades tradicionais.
A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História, professora Thaís Alves Marinho, explicou que o evento integra uma rede de instituições da região Centro-Oeste que oferecem cursos na área. “A cada dois anos organizamos esse encontro. Dessa vez, será na Cidade de Goiás, com a presença do presidente da Associação Brasileira de História Oral (ABHO), que veio hoje justamente para dar uma prévia para quem não puder estar lá”, contou.
Segundo a profa. Thaís, a proposta do ciclo de debates foi abordar a história pública e refletir sobre os usos sociais da história, enfatizando o papel da história oral nesse processo. “De certa maneira, é uma temática inovadora, porque a história tradicionalmente vem trabalhando mais com fontes escritas. Agora, neste momento de desenvolvimento da disciplina, temos privilegiado uma abordagem que agregue as formas de transmissão de saberes dos povos subalternizados”, destacou.
A professora também aproveitou a ocasião para comentar os avanços do Programa, que neste ano completa o segundo ano desde a abertura do curso de doutorado. “Estamos bem otimistas, com muitas pesquisas interessantíssimas e com condições de financiamento que garantem uma boa formação aos discentes, com bolsas de estudo e apoio a projetos de pesquisa. Sigo para a Cidade de Goiás com oito orientandos, incluindo alunos da graduação, do doutorado e duas pós-doutorandas. É um grupo bem diverso, e isso mostra como o nosso Programa tem se desenvolvido cada vez mais”, ressaltou.
A programação contou com a palestra do professor Ricardo Santhiago, docente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da ABHO. Em sua fala, intitulada Entre o impulso público e a profissionalização: desafios e dilemas da história pública, Ricardo discutiu os limites e as potencialidades dessa vertente historiográfica.
“História pública é uma perspectiva relativamente nova, que agrega as dimensões da comunicação histórica e da participação popular na produção do conhecimento”, explicou. Segundo ele, sua palestra buscou problematizar a tensão entre as iniciativas populares de memória e história e a produção acadêmica de bens culturais que lidam com conteúdos históricos.
O docente também ressaltou a importância do intercâmbio entre as universidades e programas de pós-graduação. “Estar aqui é interessante, porque essa é uma atividade organizada pela PUC Goiás, mas em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG). É muito bom perceber que instituições públicas, privadas e comunitárias estão sensibilizadas e envolvidas com a pauta da história pública, um tema recente, contemporâneo, que fala sobre a necessidade de comunicar o conhecimento histórico para muitos públicos”, afirmou.
Ele destacou ainda a relevância das experiências desenvolvidas em Goiás. “Aqui há muitos trabalhos envolvendo patrimônio cultural e comunidades populares. Acho que temos muito a aprender com essas experiências, que são diferentes daquelas de São Paulo. Vim tanto para falar quanto para ouvir e aprender”, concluiu.
O XV Encontro Regional Centro-Oeste de História Oral, promovido pela Associação Brasileira de História Oral (ABHO), terá continuidade a essas discussões ao longo dos próximos dias, com a participação de pesquisadores de diversas instituições para refletirem sobre as relações entre oralidade, memória, patrimônio e as emergências climáticas que desafiam as sociedades contemporâneas.
Fotos: Weslley Cruz