Reitor aborda desafios presentes e futuros da democracia em conferência

Reitor da PUC Goiás, filósofo e mestre em História, o professor Wolmir Amado também foi um dos palestrantes da programação principal do Mutirão Brasileiro de Comunicação, o Muticom, na última sexta-feira, 19. Aos mais de 500 participantes do evento no Auditório Mãe da Igreja, conversou sobre a democracia e seus desafios futuros, sobretudo no Brasil.

A conferência intitulada Democracia, qual o futuro? contou com quadro histórico sobre as constituições brasileiras, além do destaque para nossa curta experiência democrática enquanto nação. “Temos cerca de cinco décadas de experiência de voto no Brasil, se juntarmos todos os períodos. É muito pouco para um país com mais de 500 anos”, refletiu. O professor também destacou o papel da igreja nos debates sobre a democracia e a cidadania, mesmo durante o último regime ditatorial brasileiro.

Ao trabalhar as constituições, o palestrante também mostrou como nem sempre avançamos em direitos entre uma edição e a seguinte. “Também existem retrocessos, por isso, em uma democracia, é tão necessário o estado de vigilância por parte da população”, explicou. A Constituição de 1988 até hoje é considerada a mais rica em direitos e mais justa, daí seu apelido de Constituição Cidadã – ela foi a primeira a dar voto aos analfabetos, por exemplo.

Para defender a democracia, Wolmir lembrou é fundamental entendê-la não só enquanto ideia ou ideal, mas enquanto estrutura social. Por isso, se faz necessário enfrentar as crises históricas e assegurar as liberdades baseando-se sempre neste modelo e não desacreditando-o e partindo para cenários mais sombrios e autoritários. “Estamos acompanhando, nos últimos anos, interrogações sobre a democracia, pessoas pedindo até mesmo intervenções”, alertou. Criticando tais propostas, o professor estabeleceu como fundamentais duas liberdades para o funcionamento de um Estado de direito democrático e justo: a liberdade de expressão e a liberdade religiosa.

Justamente para existir a liberdade religiosa, o reitor defendeu a laicidade do Estado e explicou: “a democracia corre risco toda vez que queremos tirar a laicidade do Estado. Veja que não é o ‘ateísmo de Estado’ é a laicidade, a garantia das liberdade de religião, o governar para todos”. Para o futuro, o professor vê a democracia com uma grande interrogação, com hipóteses, possibilidades, mas ainda de maneira muito nebulosa, devido à velocidade das mudanças que ocorrem na nossa modernidade tardia.