Professora da PUC Goiás conquista segundo lugar em Prêmio da Eletrobras

Pesquisas que trazem propostas de gestão eficazes para reservatórios de hidrelétricas trazem um impacto positivo para o país, pois agem diretamente sobre a capacidade de gerar energia e sustentar o futuro econômico do Brasil.

Com esse olhar científico e inovador, o grupo da professora Marta Pereira da Luz, docente do Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas (Mepros/EENG) conquistou a segunda colocação, entre mais de 80 propostas, no 1º Prêmio de Inovação da Eletrobras, promovido no final de maio. A premiação, de elevado nível técnico, contou com a participação de todas as empresas da Holding Eletrobras.

A proposta submetida na competição científica, intitulada Mapas gerenciais de suscetibilidade a processos erosivos laminares e lineares utilizou como projeto piloto três usinas: Furnas, com 58 anos de operação, Itumbiara, em funcionamento há 40 anos e Batalha, implantada há 7 anos. 

A pesquisa, desenvolvida por Furnas, em parceria com a UFG e colaboração da UNB, de 2011 a 2016, teve o objetivo de minimizar erros operacionais, reduzir impactos sociais e ambientais, eliminar custos de compensação ambiental, postergar investimentos e identificar responsabilidades, que normalmente são 100% atribuídas ao empreendimento gerador de energia.

De acordo com a pesquisadora, os reservatórios têm seu volume projetado para suportar certa carga de sedimentos, que são advindos dos afluentes que o alimentam, além de certo volume proveniente de processos erosivos do entorno.

Todavia, essas previsões não acompanham a dinâmica do processo hídrico em questão. Ações antrópicas combinadas ao regime de chuvas, relevo, pedologia, uso e ocupação do solo são fatores que podem trazer sérias consequências às usinas.

“A ausência de ferramentas eficazes de gestão nesta área são uma lista de dezenas de barragens total ou parcialmente assoreadas. Com este cenário, estima-se a perda de dezenas de usinas a cada ano. Cito alguns casos, entre eles, a Barragem do Funil – que teve perda aproximada de 23% do volume em 23 anos e a Barragem da Cachoeira Dourada, com perda de 38,5% do volume em 56 anos”, analisa a pesquisadora.

Para modelar a suscetibilidade às erosões, o grupo de pesquisa utilizou mapas georreferenciados, imagens de satélite e visitas às bacias hidrográficas que convergem para os reservatórios das três usinas mencionadas.

Durante a apresentação do Prêmio, a docente focou a análise em Itumbiara, pelo seu aniversário de 40 anos de operação, completados no último mês de abril. Os resultados alcançados foram bastante positivos e um dos seus pontos fortes é a aplicabilidade em todo o setor elétrico.

“A pesquisa possibilita ações de combate futuras relacionadas ao assoreamento por processos erosivos, promover metodologias de gestão e suporte a importantes decisões em torno destes reservatórios, além da possibilidade ampla de avaliar milhares de km lineares de margem”, informou a professora Marta.

Diversos órgãos ambientais foram subsidiados com essas informações, evitando multas aos empreendimentos em questão, por esclarecer que os processos erosivos são consequência, em grande parte, do uso e ocupação do solo, além das questões relacionadas ao uso múltiplo deste importante recurso. “São resultados que podem ser usufruídos por todos, com vida útil garantida dos grandes empreendimentos de geração de energia elétrica”, complementa.

A professora Marta possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Goiás (2001), mestrado em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (2003), doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás (2008) e pós-doutorado em Geotecnia pela Heriot-Watt University (2015). Ela é coordenadora dos Laboratórios de Mecânica dos Materiais  da Divisão de Tecnologia em Engenharia Civil e Hidráulica, do Departamento de Segurança de Barragens e Tecnologia da Eletrobras Furnas.