PRIS e PNV promovem palestra com foco no suporte às situações de crise psíquica

Em decorrência dos efeitos causados pela pandemia, somados as mais diversas situações que ocorrem rotineiramente na sociedade, considerada cada vez mais mentalmente sobrecarregada e ‘adoecida’, o Programa de Referência em Inclusão Social da PUC Goiás (PRIS) e o Programa em Nome da Vida (PNV) promoveram uma palestra abordando aspectos do suporte às situações de crise psíquica para profissionais da educação, no auditório da Escola de Formação de Professores e Humanidades (EFPH), sediada na Área 6, na manhã desta quinta-feira, 14.

O evento, destinado a diretores de todas as escolas e CMEIs da rede municipal de educação de Goiânia, também contou com a presença de estudantes do curso de psicologia, pedagogia e outros profissionais que atuam na esfera privada.

A coordenadora do PRIS, professora Pollyanna Ribeiro, explica que a palestra é fruto de um diálogo com a secretaria municipal de educação porque muitas foram as demandas recebidas de diretores e professores relatando dificuldades nas interações entre os estudantes e as crianças, além de casos de autolesão e tentativa de suicídio, sobretudo no período pós pandemia. De acordo com ela, o evento foi planejado com vistas à promoção da conscientização desses profissionais, fornecendo instrumentos, por meio do conhecimento, para que eles possam lidar com situações desafiadoras dentro da escola: “A formação acadêmica, por si só, muitas vezes específica, não aborda temas importantes como esse, daí a necessidade de promover atividades de formação continuada como essa, que é mais uma forma de a PUC Goiás dar a sua contribuição para a sociedade”, pontua.

Responsável pela palestra, a psicóloga e professora com vivência em clínica e saúde, Marina de Moraes e Prado Morabi, pediu licença para abordar o tema junto à plateia, razão pela qual desceu do palco e se uniu aos presentes.

Em sua explanação, a psicóloga observou que, no contexto social atual, os sujeitos estão ultrapassando as próprias resistências em todas as questões cotidianas (trabalho, casa, etc) e, esse cenário, dentro de um contexto específico como é a educação pública, tende a catalisar questões de cunho pessoal para os acadêmicos, crianças e adolescentes, adultos, alcançando também os professores, que estão em um movimento de resistência psicossocial: “Nesse sentido, nunca foi tão necessário pensarmos coletivamente, dialogar e construir estratégias de manejo dentro deste cotidiano nas escolas e não falo a partir de uma intervenção especializada: a gente precisa entender para além dos ‘caminhos de encaminhamento’, de modo que eu consiga ser suporte para o outro, mas também me suportar, conseguir lidar com as minhas questões para que eu também não adoeça nesse processo, que é ininterrupto”, explica.

Primeiros cuidados emocionais ou psicológicos

Além de abordar o tema propriamente dito, Marina Morabi falou sobre as estratégias de primeiros cuidados psicológicos: “Assim como existem os primeiros cuidados biológicos, que a gente aprende com os bombeiros e que qualquer um pode executar, também temos os primeiros cuidados emocionais ou psicológicos, que todos podem executar também. O que se vê no dia a dia das escolas é a tentativa de fazer isso sem a instrumentalização adequada, só que, a partir do momento que se tem pelo menos o ‘passo a passo’ do que fazer, a sensação frente à crise se acalma e, se eu me acalmo, eu estou muito mais preparada para conduzir uma situação, porque sei que atitudes devo tomar”, esclarece.

Muitos dos presentes pediram a palavra e relataram casos da vivência profissional pessoal, o que favoreceu e promoveu grande interação durante a exposição.

Fotos: Wagmar Alves