Povos indígenas qualificam coleção de Jesco Puttkamer

A fotografia traz informações históricas e culturais, que só podem ser resgatadas por pessoas que vivenciaram o momento registrado. De olho nesse viés e com o intuito de preservar a cultura dos povos indígenas brasileiros, o Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA) da PUC Goiás dá continuidade, nesta semana, ao trabalho de qualificação dos registros fotográficos realizados pelo documentarista Jesco Puttkamer, que integram o Projeto Imagens da Memória.

Desenvolvido pelo IGPA e com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o projeto vista trabalhar o material imagético da Coleção de Jesco, que está sob a guarda e responsabilidade do Instituto. Orientada pelo princípio da troca de saberes interculturais, a qualificação consiste na identificação, datação, nominação, localização, atribuição de significados, entre outros, das imagens do acervo.

Iniciado em 2017, o projeto já acolheu quatro povos indígenas na universidade, que fizeram um trabalho de qualificação de parte do acervo e, neste momento, representantes Waurá estão no IGPA para identificar, descrever e explicar o que cada imagem representa.

Representantes Waurá identificam as imagens de parte da coleção de Jesco Puttkamer

No final do mês será a vez do grupo Yudjá (conhecido como Juruna) visitar a universidade para dar continuidade ao trabalho. As etnias mencionadas são oriundas da região do Xingu, no Mato Grosso e foram registradas por Jesco, nas décadas de 1960 a 1970.

“O Jesco fotografou, mas quem vai explicar os acontecimentos mostrados na foto são os grupos indígenas. Essa identificação vai ficar para a preservação dessa cultura e para passar às gerações futuras. Um dos objetivos é qualificar esse material para colocar à disposição de pesquisadores, que queiram aprofundar aquele grupo que está sendo registrado”, explicou a profa. Marlene de Moura, coordenadora do projeto

Resgate

O impacto e alcance da iniciativa tem uma importância para a sociedade e para os povos indígenas. De acordo com o IBGE, 305 grupos atualmente vivem no Brasil, representando cerca de 900 mil pessoas. Dessa forma, a qualificação do acervo resgata informações para o fortalecimento de suas culturas, identidades e territórios.

Para o acadêmico do curso de Arqueologia, Kamariwé Waurá (foto), a qualificação do acervo tem uma importância cultural e afetiva, já que ele pôde ir ao encontro da sua própria história. Acompanhado dos seus familiares, o acadêmico de 31 anos pôde fazer um retorno ao passado e viveu um momento emocionante.

 “Meu pai, meu tio e meu avô trouxeram novos conhecimentos pra mim. Pela foto eu conheci meu avô, com o arco e a flechinha dele. Ele morreu antes do meu nascimento”, relatou. Essas informações aguçam a curiosidade e o faro científico do estudante, que vai trabalhar a temática do projeto no seu Trabalho de Conclusão de Curso e se tornará o primeiro arqueólogo indígena graduado pela PUC Goiás.

Futuro arqueólogo: projeto será enfoque do seu Trabalho de Conclusão de Curso

Acervo

A coleção completa doada pelo documentarista Jesco Puttkamer à PUC Goiás, sob guarda e gestão do IGPA, possui cerca de 150 mil imagens fotográficas, onde se inclui slides, negativos e ampliações, 165 rolos de películas de 16 mm, três centenas de diários de campo, redigidos em inglês, português e alemão e cerca de 400 fitas sonoras.

Por meio do Projeto Imagens da Memória – Preservação da Cultura dos Povos Indígenas Brasileiros, o Instituto apresenta à comunidade acadêmica e sociedade em geral, o resultado da informatização das imagens, documentos e sons que compõem a coleção audiovisual do fotógrafo, projeto contemplado com recurso oriundo do Edital de Preservação de Acervos do BNDES.

PUC Goiás
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