Memorial do Cerrado recebe estudantes do ensino fundamental no Dia dos Povos Indígenas

A Escola Castro Alves, localizada em Inhumas, reuniu 38 alunos das turmas do 1º, 2º e 3º anos para uma visita ao Memorial do Cerrado na manhã desta quarta-feira, 19. O passeio teve entre seus objetivos explorar a cultura indígena, especialmente pelo fato de ter sido feito no Dia dos Povos Indígenas.

Com a organização de atividades especialmente destinadas para a ocasião, as crianças se reuniram e participaram de dinâmicas, ouviram os contadores de histórias, fizeram perguntas e interagiram com os presentes.

A caravana responsável por conduzir a turma foi composta por 9 professoras. Uma delas, era a pedagoga Márcia Arantes Santana. Ela conta que a intenção é falar e mostrar mais sobre a cultura indígena no Memorial do Cerrado, que é um espaço que, de fato, promove o resgate da nossa cultura: “O nosso objetivo é ver essa interação dos alunos com os contadores de histórias e entre eles mesmos. Nós também trabalharemos na escola com seminários tudo o que eles vivenciarão aqui”, conta.

A professora destaca, na oportunidade, a importância de ‘plantar a sementinha’ do respeito às diferentes culturas na criança: “O adulto já vem ‘impregnado’ com preconceitos e julgamentos. Nós, como formadores de opinião, devemos cuidar para que as crianças cresçam e pratiquem o respeito pelas mais diversas culturas, porque vemos que o respeito pelo ser humano é falho”.

A indígena Alawero Meynako, de 29 anos, originária do território do Xingu, foi entrevistada pelas crianças em uma atividade. Sentados em uma roda, os estudantes  se revezavam entre as perguntas e ouviam atentos e curiosos às respostas.

Ao falar sobre a experiência, Alawero conta que sempre gostou de conversar com as crianças por achar importante que elas tenham contato com os indígenas e que as escolas façam esses encontros: “As perguntas que eles fazem são curiosas. Um menino, por exemplo, me perguntou se eu sou indígena mesmo, apesar de a professora ter me apresentado citando a condição”, cita.

Sobre as suas impressões do bate-papo, ela conta que sentiu as crianças muito reflexivas com a conversa e espera que elas se tornem mais questionadoras.

Também presente na visita, a coordenadora acadêmica e pedagógica do Instituto do Trópico Subúmido(ITS/Memorial do Cerrado), Nicali Bleyer, falou sobre a imensurável importância do acervo do Memorial do Cerrado e da oportunidade dada às crianças presentes nas atividades: “A própria temática da Semana dos Povos Indígenas, que fala de alteridade, nos leva à reflexão: como eu me coloco no lugar do outro, se eu não conheço o outro?”, questiona.

A professora também acrescenta que a PUC Goiás exerce um papel fundamental nessa aproximação entre diferentes culturas: “Nós promovemos diálogo e espaço de palco e voz para a questão indígena, que é amplamente necessária e importante. O protagonismo e pioneirismo da PUC s antecedem os trabalhos feitos pelo Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA) e as pesquisas feitas pelo Instituto do Trópico Subúmido (ITS)”, destaca.

Ainda de acordo com Nicali, ensinar as crianças o conceito certo, fundado na educação, com relação à questão dos povos originários é fundamental.

A atividade compõe a programação da Semana dos Povos Indígenas, promovida pelo IGPA, que movimenta a agenda acadêmica com a discussão do tema Povos originários: alteridade, violências e protagonismo até o dia 20 de abril em formato híbrido.

Fotos: Wagmar Alves