Memorial do Cerrado recebe cerca de 3 mil estudantes no Dia do Folclore

A já tradicional comemoração do Dia do Folclore promovida pela PUC Goiás todos os anos, no dia 22 de agosto, foi marcada novamente pela visita de um número expressivo de alunos, decorrente do agendamento prévio para a data feito por 20 escolas do município e entorno. A programação recebeu de forma gratuita os estudantes, que tiveram a rica oportunidade de conhecer as instalações do Memorial do Cerrado, localizado no Câmpus II (Jardim Mariliza).

Os diversos ambientes que compõem o complexo científico estavam abertos para visitação da comunidade e, na oportunidade, foi oferecida uma programação especial com as usuais Congada, Folia de Reis, Catira, Roda de Capoeira, Roda de Viola, oficina de rapadura, garapa, cachaça, tapioca, entre outras atividades.

O acervo do Memorial somou-se à iniciativa de professores, monitores, contadores de histórias e até mesmo de fiandeiras, que, tecendo em suas rocas, eram acompanhadas por mais mulheres que davam ritmo e percussão às canções antigas e tradicionais de Goiás, o que resultou num tear e cantar cuja contemplação era um convite àqueles que transitavam pela exposição.

Idealizador do projeto há mais de 10 anos, o diretor do Instituto Trópico Subúmido (ITS) da PUC Goiás, que coordena o Memorial do Cerrado, José Rubens Pereira entende que um dos principais objetivos da iniciativa é permitir que os estudantes conheçam a história de Goiás vivida por seus antepassados, como era o funcionamento de uma fazenda em um Estado predominantemente agropecuarista.

“Com a réplica da fazendinha funcionante aqui, os estudantes entendem que as grandes fazendas eram autossustentáveis, ou seja, produziam tudo. Exatamente como se vê, as fazendas produziam o açúcar, a rapadura e a cachaça, ou seja, todos os possíveis derivados de um insumo natural principal, tudo feito de forma extremamente rudimentar, com a utilização de engenhocas, como as vistas, porque só se tinha acesso aos pequenos centros urbanos de então percorrendo a distância no lombo do burro ou no carro de boi”, explica de forma didática.

José Rubens observa também que o fato de o ITS ter reproduzido e ambientado uma aldeia indígena no meio da mata é um fator que colabora muito para a compreensão das crianças acerca da realidade dos povos originários: “A gente percebe de forma nítida a quebra de paradigma que acontece quando elas conhecem os quilombos que temos aqui, porque passam a entender que eles foram o refúgio dos povos originários que saíram das grandes fazendas porque eram escravizados e construíram seu ‘povoado’, como faziam telhas, usavam taipa, montavam fornos, que eram feitos de barro e até mesmo de cupinzeiros”.

Além desse passeio pela história, com direito a degustação, José Rubens conta que, em 2023, foi preparada também a apresentação da lenda folclórica do Saci Pererê.

Quem também esteve presente e prestigiou as atividades desenvolvidas no Museu do Cerrado foi a reitora da PUC Goiás, professora Olga Izilda Ronchi. Acompanhada por uma comitiva formada de pró-reitores, a professora degustou uma tapioca na oficina de mandioca e, encantada com a quantidade de estudantes e com o esforço empreendido para ver tudo em perfeito funcionamento, falou sobre a manutenção do espaço pela PUC Goiás há décadas, não só destinado à educação ambiental, mas também à história, cultura e preservação do patrimônio histórico e cultural de Goiás.

“O Memorial do Cerrado, na verdade, é um grande laboratório, uma grande sala de aula. Além de agradabilíssimo, o espaço conta com um acervo muito rico, especialmente dos povos originários do nosso Cerrado: indígenas, quilombolas e aqui também se concentra um acervo significativo do ponto de vista antropológico, cultural e histórico do nosso cerrado goiano e parte também do Instituto do Trópico Subúmido, que abrange o Cerrado, parte da Bahia, Mato Grosso. Trata-se de um grande complexo, museu a céu aberto, com um acervo enorme à disposição da educação, cultura e patrimônio cultural”, afirma.

Presente pela segunda vez no Memorial do Cerrado, Mikael Iury Romão Silva, estudante do 2º ano do ensino médio do Centro de Educação Profissional Professor Joaquim de Carvalho Ferreira, disse que a sua predileção entre as atrações do Memorial é o museu e seus animais empalhados. Ao falar sobre a programação do Dia do Folclore, disse: “Eu acredito que o acesso à cultura é muito importante para a formação dos jovens e momentos como esse são cruciais porque aprendemos muito”.

Fotos: Wagmar Alves