Internato alcança 196 mil pessoas beneficiadas

Estabelecer rotinas no trabalho dos enfermeiros e mostrar a forma correta como higienizar as mãos podem ser atitudes aparentemente simples, mas que fazem toda diferença em uma unidade de saúde. Com intervenções no micro que transformam o macro, acadêmicos do curso de Enfermagem da PUC Goiás apresentaram os resultados das suas práticas de internato na Saúde Pública, durante a 2ª Mostra Científica do curso, que ocorreu nesta segunda-feira, 10, no hall e no auditório da Área 1 (Setor Universitário).

O evento reuniu 80 estudantes de graduação, que socializaram suas respectivas pesquisas desenvolvidas entre e fevereiro e maio deste ano, resultantes das práticas de internato realizadas em 24 unidades de saúde da região metropolitana de Goiânia, nos mais diversos distritos sanitários. Um total de 36 trabalhos científicos foi apresentado ao público, como observa a profa. Luciene Cunha Monteiro, docente da disciplina de Internato I. Na ocasião, ela partilhou alguns dados quantitativos que demonstram o alcance do projeto na comunidade.

“Queremos dar visibilidade a uma verdadeira mão de obra que os alunos do internato representam dentro de uma unidade de atenção básica da família. Nossos alunos trabalham com 56 equipes multiprofissionais de saúde e cada equipe é responsável por 3500 indivíduos. Dessa forma os alunos atingem, direta e indiretamente, 196 mil pessoas dentro da comunidade”, ressaltou a docente.

Durante o internato, os estudantes vivenciam uma imersão de 74 dias dentro da unidade de saúde. Além de criar um vínculo com a comunidade, eles fazem um trabalho de intervenção científica, com o intuito de qualificar as práticas profissionais no exercício da Enfermagem. De acordo com informações socializadas pela coordenadora do curso, profa. Vanusa Claudete Usier Leite, as práticas do internato neste semestre resultaram em mais de 77 mil atendimentos.

“É uma contribuição muito grande dos nossos alunos e a Secretaria Municipal de Saúde está sempre de portas abertas. Muitas unidades almejam esse aluno como futuro profissional e temos egressas que hoje atuam em cargos de relevância dentro da Secretaria”, informou a gestora do curso de Enfermagem.

Mulheres na gestão da saúde pública

Uma das egressas da PUC Goiás que teve a chance de mostrar sua competência não apenas em sala de aula, como também nas práticas de internato é a enfermeira Nathalia Caetano, que concluiu a graduação no primeiro semestre de 2018 e atualmente é coordenadora técnica de um distrito sanitário dentro da Secretaria Municipal de Saúde. Além de ocupar o cargo de gestora na saúde pública, ela também dá continuidade aos estudos por meio do Mestrado de Atenção à Saúde oferecido pela universidade.

“Desde quando iniciei o curso, sempre tive muita afinidade pela área da gestão e da pesquisa. Participei da iniciação científica e, durante essa caminhada, apresentei trabalhos Brasil afora e, durante o internato, percebi que uma gestão bem feita atinge de forma direta o paciente”, declarou.

Além de coordenar 18 unidades de saúde, ela organiza as escalas de trabalho, faz vistorias, organização de fluxos e processos de trabalho, entre tantas outras atividades que fazem parte do cotidiano da gestão. “O mais gratificante é saber que estou colocando na prática o que aprendi na universidade. Hoje continuo no mestrado, na mesma instituição onde me formei”, complementa a egressa.

Envolvimento estudantil

O trabalho de intervenção realizado pelos estudantes do curso de Enfermagem nas diversas unidades de saúde resultou a partir da identificação de uma situação problema, que instigou os alunos a proporem soluções, a partir de um caminho científico.

Os estudantes Sara Villaça e Fernando Roza executaram um protocolo de higienização das mãos, voltados aos profissionais da área da Saúde. Eles fizeram o internato em uma unidade de saúde no Jardim Guanabara I e além de estudarem e revisarem as referências bibliográficas na área (Sara é acadêmica da Iniciação Científica e Fernando é presidente de liga acadêmica que aborda o tema), produziram informativos sobre os passos da higienização e distribuíram esses materiais didáticos em locais estratégicos nas unidades de saúde.

“O feedback foi positivo, porque muitos profissionais não sabiam ou não seguiam o protocolo de forma correta. Contribuímos no quesito de prevenção de doenças, também, ao trabalhar com a higienização das mãos”, pontuaram.

Já o grupo composto por Maria Luisa Rosa, Hélia Rubia de Mendonça e Sabrina Santana Couto, que realizaram internato no Itatiaia, trouxeram uma outra solução para a unidade de saúde: elas sistematizaram uma rotina de trabalho para os profissionais da Enfermagem. “esse processo é importante, porque o atendimento ao paciente fica melhor. Pudemos conhecer um pouco a comunidade, foi uma experiência única. Todo aluno deveria participar”, relataram. Elas estudaram manuais do Ministério da Saúde e, a partir dessa pesquisa bibliográfica, criaram um roteiro para ser seguido pela equipe de enfermeiros durante os atendimentos.

Devolutiva 
A apresentação dos trabalhos foi prestigiada por preceptoras de unidades da saúde e gestoras do Programa de Saúde da Família, que acolhem o corpo discente da universidade para a prática de internato todos os semestres. A preceptora da Unidade de Saúde do Recanto do Bosque, Jussara Maria Pereira e a gestora do PSF da região Itatiaia, Abadia Heleusa de Araújo Pereira, deram um feedback positivo sobre o trabalho desenvolvido pelos estudantes.

“É uma troca de experiências e sempre digo que o aluno faz com que a gente melhore um pouco. Não só os estudantes são avaliados, nós também somos”, pontuou. Elas também citaram as ações que os estudantes realizaram nas unidades, com o acompanhamento das equipes profissionais: vacinação contra H1N1, visitas em escolas, campanhas de prevenção da dengue, além dos programas de assistência desenvolvidos pelas unidades que tem como público a mulher, o idoso, entre outros.

Fotos: Wagmar Alves