Estudantes de Medicina discutem ações de assistência para pacientes com Síndrome de Down

Com o objetivo de discutir formas de capacitação dos futuros médicos em relação ao trato dos pacientes com Síndrome de Down, a turma de Medicina do módulo 10 da unidade curricular Problema Integrador de Competência (PIC), convidou três profissionais da área de saúde que debateram com os estudantes, na tarde da última quinta-feira, 1, sobre a importância de médicos e alunos do curso adotarem um olhar voltado para questões relacionadas aos detentores da condição genética.

Realizado no auditório da Área 1, o evento trouxe, muito além do aspecto técnico e científico, valores da educação pedagógica que edificam o trato humanitário nas relações sociais. O professor Leonardo Mamede, responsável pelas atividades do PIC, explicou que o tema escolhido veio a partir da dificuldade que alunos do estágio encontraram ao atender pacientes com Síndrome de Down no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad). Ele ainda reiterou que os problemas encontrados durante o estágio foram estudados e verticalizados ao longo do semestre letivo, a fim de levar soluções para o atendimento clínico.

A atividade fez parte do processo de dispersão da disciplina, que consiste na partilha de conhecimentos e desenvolvimento de ações para a comunidade, adquiridos ao longo de todo o período acadêmico para, dessa forma, esclarecer o que o paciente com Síndrome de Down espera dos médicos e da sociedade em geral.

Weldes Júnior, aluno do módulo 10, destacou a importância da matéria para a aproximação dos estudantes com hospitais e clínicas da região, antes mesmo de iniciarem a residência. “A partir dela, nós conseguimos discutir um tema durante todo o semestre, além de termos mais contato com a própria comunidade dentro do tema que a gente discute”.

Sobre a importância da capacitação do profissional, Weldes explicou que um serviço de excelência vai muito além do atendimento. “Não é uma questão de atender, mas uma forma de saber onde buscar informação, como trazer o maior benefício para o paciente em questão de tratamento e segmento para a condição que ele apresenta”.

Distorção do olhar capacitista

Pessoas com Síndrome de Down ainda são extremamente infantilizadas e colocadas pela sociedade em contextos limitantes, que tardam a sua evolução de acordo com suas respectivas individualidades. Essas ações são recorrentes devido ao tabu enfrentado por eles, alimentado por mitos relacionados às questões de saúde. O olhar capacitista da população começa com o diagnóstico do médico, muitas vezes, cru no aspecto sensível e humano.

É diante dessa realidade que a psicopedagoga do projeto Alfadown, Renata Barreto, uma das convidadas e mediadora da roda de debates, a fim de subverter essa lógica para os futuros profissionais, externou todo o conhecimento adquirido por ela no campo da educação pedagógica.

“O médico é responsável por receber a criança logo após o parto. Existem estudos e entrevistas com mães que nem sabiam que estavam gerando crianças com Síndrome de Down, então a notícia já é impactante. A parte pedagógica, sensível do médico, é essencial, porque isso direciona para todos os caminhos que o paciente vai tomar durante a vida, de potencialização, de acreditar que ele pode ir além”, explicou Renata sobre a importância da pedagogia nas ciências médicas.

Fátima Mrué, docente da PUC Goiás, categorizou as atividades exercidas pelo PIC como uma das mais proativas, didáticas e valiosas presentes no curso de Medicina. Para ela, a abordagem da Síndrome de Down como objeto de estudo neste semestre foi essencial para enfatizar a necessidade de inclusão dos pacientes, assim como um tratamento mais afetuoso por parte dos médicos no momento da abordagem.

Durante o evento, foi possível alinhar conhecimento e humanidade determinada pelas experiências de cada aluno e profissional presente no auditório. Com a inclusão do projeto Alfadown na disciplina, realizou-se a ampliação dos pilares da extensão presentes no universo acadêmico, instigando a curiosidade e o ímpeto dos graduandos.

(Texto: Juliano Cavalcante, estagiário da Dicom)

Fotos: Weslley Cruz