Dom João Justino: a educação como caminho

Desde o dia 16 de fevereiro, a Arquidiocese de Goiânia tem um novo arcebispo: dom João Justino, nomeado em novembro pelo papa Francisco, tomou posse em celebração solene no Santuário-Basílica Sagrada Família. Junto com a responsabilidade de guiar a Igreja Católica em Goiás, ele assumiu também a função de grão-chanceler da PUC Goiás e presidente da Sociedade Goiana de Cultura. Ele substitui dom Whashington Cruz, bispo emérito, que esteve à frente da igreja goiana nos últimos 19 anos.

Na sua nova jornada, ele assumiu a responsabilidade de orientar os caminhos das instituições católicas da educação, como a PUC Goiás e as escolas de ensino fundamental e médio. Com 62 anos, a PUC Goiás é a universidade mais antiga do Centro-Oeste. Pioneira no ensino superior, formou mais de 110 mil pessoas e atualmente oferece cursos de graduação e pós-graduação nas modalidades presencial e a distância. Cerca de 20 mil pessoas integram a comunidade universitária, entre estudantes, docentes e funcionários, e aguardam a vinda do novo grão-chanceler.

Vocação religiosa é somada à dedicação à educação (Arquivo Pessoal)

Dom João Justino traz consigo longa experiência como professor e como gestor na área da educação. Estudioso e aplicado: assim ele é lembrado pelos colegas. São as duas características que, provavelmente, tornaram possível que ele acumulasse três graduações, mestrado e doutorado.


Formado em Teologia, ele também estudou Ciências Sociais e Filosofia. Dom João Justino é doutor e mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma. Ingressou no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, em Juiz de Fora, em 1984, onde cursou Filosofia e Teologia. Graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora e em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF). Foi perito da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB.

Colegas de graduação, ainda na década de 1980, o padre Antonio Camilo de Paiva, mestre em Ciências da Comunicação pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma e coordenador do curso de Teologia do UniAcademia e do Seminário Santo Antônio, conviveu durante uma década no Seminário de Juiz de Fora com dom João. “Fui colega em algumas disciplinas e, mais tarde, aluno da disciplina de Pneumatologia. Depois tornei-me professor da mesma Instituição, tendo dom João como coordenador e professor do curso de Teologia”, conta ele.

Sacerdócio começou em Juiz de Fora

Ainda amigos, ele se lembra com carinho da trajetória do estudante e depois gestor dom João Justino. “Durante o período de sua formação, dom João foi um seminarista de personalidade conciliadora, de fácil convivência e de diálogo. Carisma que se cristalizou em seus primeiros anos de sacerdócio no clero de Juiz de Fora, desenvolvendo várias atribuições de profunda responsabilidade, graças à sua convivência amena com todos. Em tom respeitoso e elegante esteve à frente de várias matrizes pastorais”.

“Durante o período de sua formação, dom João foi um seminarista de personalidade conciliadora, de fácil convivência e de diálogo”

Padre Antonio Camilo

Vocação para ensinar

Como seminarista, ele era considerado “didático e com senso agudo de pesquisa”, conforme depoimento do padre Antonio Camilo. Durante sua formação, ele assessorou encontros de pastorais, Assembleias Arquidiocesanas. Sempre mostrou pensamento organizado e falas e atitudes ponderadas, o que lhe rendeu admiração dos seus pares.


Com vocação nata para ser professor, foi muito apreciado, ainda seminarista, na Escola de Teologia e Pastoral “Irmã Maria Elena”, curso popular ministrado por padres e seminaristas a leigas e leigos das paróquias da Arquidiocese de Juiz de Fora. Já neste tempo, Dom João destacava-se pelo seu dom pedagógico, tanto pela organização e coordenação do curso quanto pela profundidade de suas reflexões, segundo padre Antonio Camilo.


Ordenado sacerdote em 1992, suas responsabilidades pedagógicas aumentaram. Ele se tornou quase ao mesmo tempo professor no Seminário Santo Antônio, coordenador da Pastoral Vocacional Arquidiocesana e responsável pelo Estágio de admissão dos candidatos ao seminário em Juiz de Fora.

Como sacerdote trabalhou na formação de outros padres


Na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, ele fez mestrado e doutorado em Teologia Dogmática. De volta ao Brasil, assumiu várias aulas na Faculdade de Teologia, tornando-se coordenador da mesma e reitor do Seminário.

“Como reitor fez vários trabalhos junto às vocações e viabilizou os estudos de vários sacerdotes em Roma, inclusive conseguiu bolsas de estudos junto à Adveniat na Alemanha”

Padre Antonio Camilo

Dedicação aos colegas e à pesquisa

No Seminário Arquidiocesano Santo Antônio de Juiz de Fora, dom João Justino se formou e depois auxiliou na formação de vários jovens como ele. Como coordenador do curso de Teologia e reitor do Seminário, se destacou pela sua inteligência, calma, simplicidade e capacidade extraordinária de organização.

Dom João quando reitor no Seminário Santo Antônio na formatura do colega Altamir Celio


“Conheci dom João Justino em 1992. Ordenado padre naquele ano, acompanhou meu processo vocacional para ingresso no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio de Juiz de Fora (MG). Foi meu professor e, depois de algum tempo, nos tornamos colegas professores no mesmo Seminário”, conta Altamir Celio de Andrade, professor do Centro Universitário Academia (Juiz de Fora) e do Instituto Teológico Franciscano. “. Louvo a Deus pela amizade de Dom João e por fazer parte do caminho trilhado por ele. É uma honra poder contribuir com essas poucas palavras, mas cheias de gratidão e afeto”.


Ele coordenou o curso de Teologia até que foi nomeado bispo em dezembro de 2011. Do período em que estivemos juntos no Instituto, as recordações são as melhores. No período à frente do Seminário, ajudou a fundar a Revista Rhema, juntamente com pe. Geraldo Dondici, dom Walmor Azevedo e dom Eduardo Benes. A revista, publicada até hoje, traz artigos de professores e acadêmicos do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio em busca de discussões interdisciplinares entre as áreas.


Na primeira edição, publicada em 1995, escreveu o artigo As semanas da teologia. Em outras edições, publicou novos artigos com temas diversos, dentre eles Minha escuta de Aparecida: seis palavras sobre a V Conferência, publicado em 2007. Até hoje, dom João é um dos colaboradores da revista.

Estudante dedicado

Foi no seminário em Juiz de Fora que dom João Justino conseguiu encontrar sua vocação, unindo a fé a docência. Dom Eduardo Benes, conterrâneo do líder religioso, foi seu professor de Teologia e acompanhou o início da sua trajetória vocacional e profissional. “Sempre foi dedicado e, no seminário, ficou responsável pela recepção dos padres e depois assumiu responsabilidades como professor e reitor”, conta dom Eduardo, bispo emérito de Sorocaba , até hoje amigo de dom João.


Quando foi nomeado bispo auxiliar de Belo Horizonte, em 2011, passou a integrar a comissão da educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e atualmente assessora a Comissão de Doutrina da entidade. Como estudante, ele conta que o hoje colega era muito dedicado e organizado, o que lhe rendeu uma vaga para estudar em Roma.

“A educação é uma dimensão da da da igreja muito importante. E dom João tem preparação e tem gosto por esse trabalho”

Dom Eduardo Benes


De 1995 a 2003, se dedicou ao mestrado e ao doutorado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Teve como orientador o padre Félix Alejandro Pastor, falecido em 2011, que o ajudou a construir primeiro a tese União Hipostática do Espírito Santo com Maria e, depois, a tese final com o tema Pneumatologia e Mariologia: Questões em foco na Teologia na América Latina.

PUC Roma onde dom João fez mestrado e doutorado

A figura de Maria foi a motivação dos estudos de Dom João. A Mariologia é a parte da teologia que estuda a figura, o mistério, a missão e o significado de Maria na história da salvação. Já a Pneumatologia é a parte da Teologia que estuda a pessoa e obra do Espírito Santo.