Política e religião pautam debate das Jornadas pela prevalência das ideias democráticas

O modo como as diferentes tradições religiosas colaboram, ou não, para o crescimento e fortalecimento da democracia pautou as discussões das Jornadas pela prevalência das ideais democráticas e progressistas na noite desta terça-feira, 31, no auditório da Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg).

Com mediação da reitora da PUC Goiás, Olga Izilda Ronchi, os convidados discutiram o tema Luta ideológica: partido político e religião. Participaram da mesa, o docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC, prof. Alberto Moreira; o presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro e o professor de História da UEMASUL, Moab César Mota.

Ao contextualizar a proposta do evento, a profa. Olga explicou que as Jornadas representam um encontro importante das academias goianas (UFG, Universidade Federal de Jataí, Universidade Federal de Catalão, Instituto Federal Goiano e PUC) a fim de analisar diversas situações da contemporaneidade, entre elas, o negacionismo do papel da ciência e a relevância da pesquisa científica.

“As universidades não podem se furtar a este debate importante para que tenhamos uma sociedade mais esclarecida e menos vulnerável às chamadas fake news. A defesa do estado democrático de direito é o que nos une: a defesa da democracia. Também é um desafio fazermos com que este debate alcance também os estudantes e os professores dessas instituições, entendendo que a academia é responsável pelo desenvolvimento da capacidade crítica, analítica e de posturas mais claras em busca da verdade e da ciência”, enfatizou a reitora da instituição.

Participante da mesa, o prof. Alberto Moreira fez uma análise de como as religiões cristãs podem fortalecer elementos do autoritarismo, do fascismo e de plataformas excludentes: “nós temos visto na política brasileira que a religião tem sido utilizada para fortalecer o preconceito, para, muitas vezes, aumentar o distanciamento entre as pessoas e o ódio social”, pontuou.

O presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, também foi ao encontro da reflexão proposta pelo docente.  De acordo com o jornalista, o povo brasileiro tem uma religiosidade muito arraigada, todavia, nos últimos anos, tem sido manipulada pela extrema direita.

“Eles usam as redes sociais e fazem de determinados templos religiosos verdadeiros comitês eleitorais, atuando pela cúpula de determinadas denominações das igrejas, sobretudo, neopentecostais, e têm sido feito uma manipulação da fé contra a democracia e os interesses do povo”, analisou.

Ao mesmo tempo, o debatedor pontuou que as religiões, de distintas denominações, podem ser fator de fortalecimento dos direitos humanos, sociais e de união do povo brasileiro.

Quatro mesas-redondas foram promovidas no último mês de outubro e o intuito da comissão organizadora é realizar o evento de forma contínua. Temas como educação, ciência, economia comunicação e luta ideológica foram discutidos até o momento pelos docentes e pesquisadoras convidadas.

Fotos: Ana Paula Abrão