De universitário à analista de software do Mercado Livre: egresso relembra trajetória na PUC

Adaptar-se às demandas impostas pela deficiência física e contornar os obstáculos de acessibilidade fazem parte da luta cotidiana do cientista da computação, Iuri César Caliman, 26 anos. Dedicado aos estudos, ele buscou na universidade um caminho para trilhar sua vocação profissional e mostrar à sociedade que a tecnologia pode estar a serviço das pessoas com mobilidade reduzida.

Como a área da programação sempre foi um assunto que despertou seu interesse, não foi difícil o processo decisório para a escolha do curso de graduação. “No início, eu fiquei na dúvida entre engenharia de software e ciência da computação. A primeira aborda mais a questão física dos computadores, enquanto a segunda traz uma visão mais geral. Escolhi a ciência da computação para ter uma visão mais ampla sobre o processo da computação mesmo”, relembrou.

Bolsista ProUni quando acadêmico da PUC Goiás, o jovem sempre buscou oportunidades para qualificar a formação desde o início do curso: engajado, participou da iniciação científica e foi efetivado na primeira empresa onde realizou estágio.

Inteligência artificial para promover a acessibilidade

Como nenhuma pesquisa é fechada em si mesma, Iuri buscou na ciência as soluções para os problemas enfrentados diariamente pelas pessoas com mobilidade reduzida. Orientado pela docente da Escola Politécnica e de Artes, profa. Lucíola Ribeiro, ele desenvolveu um projeto de IC, na área de Inteligência Artificial, intitulado Utilização de dispositivos móveis por meio da leitura de sinais neurais.

Além de estudar de forma mais profunda um tema até então considerado incipiente, Iuri percebeu que a pesquisa é uma oportunidade de trazer soluções para as pessoas com deficiência, por meio da globalização da tecnologia.

“Cheguei à conclusão que é uma realidade totalmente possível, só que devemos levar em conta o processo de estudo dos dados, além de saber o que será escrito e feito pela máquina, porque os sinais são bastante difusos, diferentes uns dos outros, e isso precisa ser estudado”, avaliou.

Salto na carreira

Sabendo que o estágio é um componente curricular essencial para a formação profissional, Iuri procurou abraçar essa oportunidade logo cedo. Ainda como estudante do curso de Ciência da Computação, ele atuou como estagiário na Global Tech, empresa de gerenciamento de obras e construções, onde foi efetivado três meses depois.

Foi ali que ele começou a evoluir profissionalmente até alcançar voos maiores que o levaram a um processo seletivo de uma empresa internacional, que acolheu suas demandas de acessibilidade. “O processo de evolução existe sempre, é contínuo, toda vez que entramos numa empresa, aprendemos algo novo. Fiz alguns processos seletivos e acabei entrando no Mercado Livre”, conta.

Hoje, o analista de software da empresa argentina atua em sistema de home office e celebra a conquista de atuar no mercado de trabalho com protagonismo. Com carga horária flexível, o profissional organiza sua produtividade diária, participa de reuniões virtuais, gerencia seus processos e tem um diálogo constante e aberto com os colegas de trabalho.

“Toda a questão de acessibilidade foi definida antes e isso foi muito bom, porque as empresas onde fiz alguns processos não eram acessíveis e não fizeram nada para se adequar a isso. Ainda bem que existe o home office, facilita bastante, foi maravilhoso”, celebra.

Para contar sua trajetória acadêmica, os desafios pessoais e partilhar sua experiência no mundo do trabalho, o egresso foi convidado para proferir a palestra Evoluindo na TI: enxergando além dos computadores, que fez parte da programação de acolhida aos ingressantes dos cursos de Ciência da Computação e Análise e Desenvolvimento de Sistemas, neste mês de agosto, na Escola Politécnica e de Artes.

Durante sua explanação, o egresso motivou os discentes provando que as disciplinas do curso podem ser feitas por todas as pessoas, sem pré-requisitos.

Acompanhado da mãe, que o incentivou diariamente na trajetória acadêmica, e do irmão, que o auxiliou nas demandas de mobilidade durante a palestra, o jovem analisou toda essa caminhada com um olhar sereno, do lugar de quem colhe os frutos por mérito próprio, e uma fala de gratidão à universidade.

“A comunicação auxilia  a driblar os desafios. Diante de qualquer dúvida, qualquer problema, temos pessoas que podem nos auxiliar neste processo. O conhecimento nós  adquirimos juntamente com a experiência que vivemos. Além do conhecimento, a universidade me proporcionou o networking com os estudantes e professores e isso foi essencial”, concluiu Iuri.

Fotos: Ana Paula Abrão