Das experiências com plantas à pesquisa em genética

Foi brincando na fazenda, cercada pelo amor da família e abusando da curiosidade infantil, que a cientista e professora Mariana Telles desenvolveu o amor pelas plantas e pela ciência. Criada em uma propriedade rural dentro de Goiânia, em uma família de advogados, juristas e escritores, ela fugiu ao legado da família e quis estudar Biologia quando chegou ao Ensino Médio. Queria reviver em sala de aula as brincadeiras de criança, experiências que fazia com as folhas e a terra, assim como observava a mãe cultivando plantas aromáticas e terapêuticas.

Até teve dúvidas entre Agronomia e Direito, mas acabou seguindo a vocação que acompanhou. “Eu decidi por Biologia porque era mais amplo e conseguiria, para além das plantas, estudar ou conhecer um pouco do estudo da vida, com qualquer organismo. Desde pequena, fui curiosa, em relação às questões de saúde, de conservação, de biotecnologia. Hoje tenho convicção que essa foi a melhor escolha profissional”, explica Mariana, que acabou unindo à Biologia outra vocação de quando era criança.

As aulas que dava no quadro de giz para os irmãos ou para as visitas da família não deixavam dúvida de que ali estava uma professora. Ela saiu do curso direto para o Mestrado e hoje já tem doutorado e trabalha como docente na PUC Goiás, onde coordena o bacharelado em Biologia. Este ano ela participa de um novo desafio, o Pint of Science, que ela coordena em Goiânia, com seis bate-papos temáticos, em dois bares de Goiânia.

A cidade participa da iniciativa pela segunda vez. Nos dias 14, 15 e 16 de maio, dois locais de encontro de jovens no município sediarão bate-papos com cientistas sobre temas como a aproximação da ciência com o governo, unidades de conservação e o acidente com o Césio-137. A proposta é esclarecer dúvidas, apresentar pesquisas recentes nessas e em outras áreas do conhecimento e mostrar a beleza da ciência.

Como coordenadora Mariana buscou trazer temáticas que integrassem as áreas de biológicas com humanas e exatas e aumentar o número de mulheres palestrantes no evento (ver programação). Ela conseguiu cumprir a meta e discutirá temas como a própria existência, como a palestra Quem somos e a ciência que os humanos fazem, ou a história e os impactos do maior acidente radiológico em área urbana, o do Césio 137.

A pesquisa entrou na vida de Mariana ainda na graduação, que conseguiu vaga em monitoria e depois na Iniciação Científica, quando começou a atuar no laboratório de genética de plantas da UFG, onde se formou e onde se capacitou neste espaço. Hoje como coordenadora do curso ela ajudou a estruturar um novo laboratório de Ecologia Molecular, Genética Forense e Conservação do curso de Biologia da PUC Goiás.

É neste espaço, entre a sala de aula, o laboratório e a coordenação do curso, que ela tenta identificar os estudantes mais curiosos e mais envolvidos com potencial para a pesquisa. É quando Mariana se lembra da sua fase de porquês, que não acabou na infância e a move até hoje como cientista. “Eu ainda me fascino com os porquês das coisas”.

Na programação do Pint of Science, que acontece em 56 cidades brasileiras, Goiânia terá o desafio de vencer as barreiras de mostrar como a ciência faz parte do dia a dia. Para o evento, Mariana Telles convidou 12 pesquisadores, que trarão para um público diversificado conteúdos que fazem parte do mundo contemporâneo. “Convidamos pessoas com essa capacidade de fazer transposição de conhecimento para uma linguagem acessível”.

Do campo do Direito com doutorado de Ciências Ambientais, a professora da PUC Goiás Luciane Martins de Araújo (foto) será uma das palestrantes da programação. O objetivo é fazer um link entre as ciências sociais e as ciências ligadas ao meio-ambiente. Junto com o professor Rafael Loyola, da UFG, ela vai mostrar como a ciência ajuda o governo em decisões, elaboração de leis e também como ela deixa de ser usada para beneficiar a população.

Ao todo, serão promovidas seis conversas, distribuídas nos estabelecimentos comerciais Quiosque Colombina e Captain’s Club. A programação completa está disponível no site pintofscience.com.br e não há necessidade de inscrição. A entrada é gratuita – paga-se apenas o que for consumido nos estabelecimentos – e não há emissão de certificado.

O Pint of Science nasceu em 2013, como uma iniciativa de pesquisadores da Inglaterra, e se expandiu graças a uma rede de voluntários. Neste ano, 21 países promoverão o evento de forma simultânea. No Brasil, onde o festival foi realizado pela 1ª vez em 2015, na cidade de São Carlos, o Pint of Science acontecerá em 56 municípios distribuídos pelas cinco regiões e a expectativa é de que 50 mil pessoas compareçam aos bate-papo.

 

Programação

Dia 14 – Horário 19h30 às 21 horas

Local – Quiosque Colombina 1136, Alameda Ricardo Paranhos, Qd 249, Lt 14 – St. Marista

Debate – A ciência que os humanos fazem e as definições científicas do que é o ser humano

Debatedores – Francisco Mata Machado Tavares e José Alexandre Felizola Diniz Filho

 

Dia 14 – Horário 19h30 às 21 horas

Local – Captain’s Club Alameda das Rosas, 1461 – St. Oeste

Debate – Para que unidades de conservação? Conservar o que e para quem?

Debatedores – Iberê Machado e Mônia Laura Fernandes

 

Dia 15 – Horário 19h30 às 21 horas

Local – Quiosque Colombina 1136, Alameda Ricardo Paranhos, Qd 249, Lt 14 – St. Marista

Debate – A ciência como amiga do governo

Debatedores – Luciane de Araújo e Rafael Loyola

 

Dia 15 – Horário 19h30 às 21 horas

Local – Captain’s Club Alameda das Rosas, 1461 – St. Oeste

Debate – Tecnologias quânticas: da modelagem molecular à informação quântica

Debatedores –  Adirley Torres Avelar e Hebert de Castro

 

Dia 16 – Horário 19h30 às 21 horas

Local – Quiosque Colombina 1136, Alameda Ricardo Paranhos, Qd 249, Lt 14 – St. Marista

Debate – Direitos Humanos e Ontoepistemicídio

Debatedores –  Luciana de Oliveira Dias e Tânia Ferreira Rezende

 

Dia 16 – Horário 19h30 às 21 horas

Local: Captain’s Club Alameda das Rosas, 1461 – St. Oeste

Debate – Como foi o acidente com o Césio-137: Histórico e as pesquisas envolvendo o maior acidente radioativo em área urbana do mundo

Debatedores – Aparecido Divino da Cruz e Daniela de Melo e Silva