Comissão da Campanha da Fraternidade promove mesa-redonda sobre a fome

Uma mesa-redonda com diversos ângulos de abordagem sobre a fome foi promovida na última terça-feira, 28, no auditório 1 da Área 2, pela Comissão de Articulação da Campanha da Fraternidade 2023 na PUC. De olho no tema e no lema da CF deste ano, três docentes da universidade discutiram a problemática da fome nas perspectivas pastoral, sociológica, bíblica e nutricional.

Com mediação da profa. Rosemary Francisca Neves Silva, participaram da mesa, o ex-reitor da PUC Goiás, Wolmir Amado; o vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, Walmor da Silva e a coordenadora do curso de Nutrição, profa. Thaisa Borges Rocha.

Doutor em Ciências da Religião pela PUC, o prof. Wolmir trouxe a trajetória pastoral da Campanha da Fraternidade no Brasil, uma experiência inédita no mundo, que no próximo ano completa 60 anos de história no Brasil e ajuda na formação da consciência crítica, vinculação fé e vida e o compromisso para a construção da cidadania.

Além de fazer esse resgate, o docente analisou o problema da fome sob o viés sociológico. Ao citar os dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, Wolmir pontuou diversos contrastes que denunciam a desigualdade social: apesar de produzir e exportar alimentos para outros continentes, o Brasil registra atualmente 33 milhões de famintos e 125 mil em situação de insegurança alimentar.

“No mundo, quase metade dos habitantes do Planeta passam fome, portanto, é um problema grave e, claro, aqui em Goiás, o celeiro do País , um dos estados no ranking nacional com maior produção de cereais e carne, que consegue alimentar a Ásia e a Europa, temos 850 mil pessoas que passam fome e outras 800 mil com insegurança alimentar”, informou.

Considerando que a Campanha da Fraternidade provoca uma reflexão que motiva ações solidárias, o professor destacou a importância da iniciativa para superar o problema.

“A CF quer olhar para essa realidade com um olhar crítico, de compaixão e de compromisso social, de construção de processos, de iniciativas pessoais, comunitárias, sociais e políticas, que levem a uma superação gradual: a fome é um escândalo, mas também uma interpelação ética e todos que querem se comprometer do ponto de vista da cidadania e da fé, devem se engajar na superação deste gravíssimo problema”, concluiu.

A relação com a Sagrada Escritura 

Biblista e doutor em Ciências da Religião, o prof. Walmor trouxe diversas curiosidades bíblicas sobre como a fome e o acesso ao alimento são discutidos, principalmente, no Antigo Testamento, para dar uma fundamentação e um apoio ao texto do Novo Testamento, que tematiza o lema: “dai-lhe vós mesmos de comer” (Mt 14, 16).

“Se a gente olha nos dicionários, sinônimos para a fome são poucos. Já as palavras para o alimento têm proporção de 90% a mais, com vários sinônimos. Pão, por exemplo, ocorre mais de 800 vezes na Bíblia como sinônimo de toda a comida e alimentação. Por isso a preocupação, o saciar a fome é central na vida”, refletiu.

Citando mais uma vez a passagem da multiplicação dos pães, o biblista mostrou que a Campanha vai ao encontro do pedido de Jesus para que as pessoas deem ao próximo o alimento que falta.

“Seria mais fácil interferir na nossa caminhada histórica e fazer chover pão, como Deus fez no deserto com os hebreus. Mas a visão que a Campanha está nos propondo é ´dar-lhe vós mesmos de comer´. O milagre é nós partilharmos e encontrarmos soluções para o problema da fome”, concluiu.

Níveis de fome 

Outra frente do debate foi a análise da insegurança alimentar a partir da perspectiva nutricional e um ponto curioso levantado pela profa. Thaisa foi sobre os níveis de fome, que estão relacionados à  produção, distribuição, armazenamento, acesso, habilidades culinárias e relações culturais com o alimento.

“A ausência total de alimentos é a insegurança alimentar grave, mas existem outras situações que a pessoa tem dificuldade de acesso ou não tem habilidade culinária para cozinhar o alimento. Todos esses são considerados níveis de insegurança alimentar”, explicou.

A docente também partilhou algumas estratégias para superação da insegurança alimentar grave, como, por exemplo, ações pontuais que mobilizem bancos de alimentos e produção de refeições prontas para entrega, já que quem tem fome, tem imediatismo.

Ações da Comissão

A mesa-redonda foi o primeiro evento organizado pela Comissão de Articulação da CF 2023 da PUC deste ano. Outros debates e ações estão programados até o mês de outubro com o objetivo de sensibilizar a comunidade acadêmica para o tema da fome. A próxima atividade está prevista para o dia 20 de abril, às 17h30, com a roda de conversa  intitulada Você tem fome do que? , cujo local será informado pela organização.

Aberta pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), anualmente, na Quarta-feira de Cinzas, a CF 2023 foi apresentada pela Arquidiocese de Goiânia, no dia 22 de fevereiro, no auditório do Santuário-Basílica Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Matriz de Campinas) com a presença de padres, religiosos(as), lideranças pastorais , comunidade acadêmica e sociedade em geral.

Abordando pela terceira vez o tema Fraternidade e Fome, a CF traz o lema “Dai-lhe vós mesmos de comer” (Mt 14,16) e, dentro deste contexto litúrgico, sugere um caminho de conversão que inclua o zelo e o cuidado com os irmãos.

Fotos: Weslley Cruz 

 

 

PUC Goiás
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