Com olhar para a fome, CF 2023 é lançada em Goiânia

A quantidade de pessoas em situação de insegurança alimentar grave no Brasil dobrou nos últimos dois anos. De acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil,  mais de 125 milhões de pessoas vivem nesta situação e  33 milhões enfrentam o flagelo da fome, número que corresponde a 15% da população total.

De olho nessa realidade alarmante, a Igreja do Brasil se propõe a discutir o tema, articular as suas obras sociais e convidar à população para gestos concretos de solidariedade por meio da Campanha da Fraternidade (CF).

Aberta pela CNBB anualmente na Quarta-feira de Cinzas, a CF 2023 foi apresentada pela Arquidiocese de Goiânia, no dia 22 de fevereiro, no auditório do Santuário-Basílica Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Matriz de Campinas) com a presença de padres, religiosos(as), lideranças pastorais , comunidade acadêmica e sociedade em geral.

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Abordando pela terceira vez o tema Fraternidade e Fome, a CF traz o lema “Dai-lhe vós mesmos de comer” (Mt 14,16) e, dentro deste contexto litúrgico, sugere um caminho de conversão que inclua o zelo e o cuidado com os irmãos.

Ao fazer uma reflexão embasada no Evangelho e no texto-base da Campanha, o arcebispo metropolitano de Goiânia, dom João Justino, afirmou que a fome afeta os princípios da Doutrina Social da Igreja, além de ser um contratestemunho que não reconhece a integridade das pessoas.

“O tema foi escolhido em 2021, quando estávamos vivendo a pandemia e a realidade da fome, infelizmente, ainda não foi vencida. Quando olhamos para este imenso País, com o potencial agrícola que tem, e pensar que tanta gente passa fome, ficamos muito questionados”, refletiu o pastor da Igreja de Goiânia.

Ao fazer uma referência à passagem que inspira o lema (Mt 14,16), dom João ressaltou que Jesus nos faz um convite à solidariedade. Além de mobilizar a sociedade a partir das comunidades eclesiais, pastorais, movimentos e projetos, a Igreja incentiva a doação imediata de alimentos e ações que promovam a dignidade humana.

“Sabemos que quem tem fome, tem pressa, no entanto, é preciso pensar no cotidiano das pessoas que passam fome. Isso supõe a percepção das razões das causas da fome, a identificação de quem são esses grupos e o que se pode fazer para promover as pessoas, além desta ação imediata, que é a entrega de alimentos”, pontuou.

Na ocasião do lançamento, a Arquidiocese apresentou um documentário produzido pela PUC TV Goiás e  pela TV Pai Eterno, que dá visibilidade ao projeto Marmitas de Teresa, idealizado por leigos e inspirado em Santa Teresa de Calcutá,  que alimenta a população de rua, além de mostrar as obras sociais do Centro de Assistência Social de Campinas (CASC), da Matriz de Campinas, que cuida da promoção da dignidade humana, com a oferta de diversos serviços gratuitos, entre eles, cursos profissionalizantes e atendimento psicológico.

Vicariato para a Solidariedade

Uma das iniciativas para o combate à fome é o Vicariato Episcopal para a Solidariedade, vinculado à Arquidiocese, cujo vigário responsável é o pe. Antônio Donizeth do Nascimento. De acordo com o sacerdote, o objetivo deste trabalho é articular as forças vivas da Igreja a fim de evitar um assistencialismo que não progride.

“Existem muitos projetos, obras e atividades com um potencial enorme e a responsabilidade do Vicariato é articular essas forças. Temos que saltar da necessidade imediata, da assistência e do socorro da comida para matar a fome, para uma ação muito maior, que é ajudar a superar a necessidade de precisar de ajuda. Numa terra como a nossa, não tem cabimento alguém, por conta própria, não ter condição de trabalhar, produzir, ter qualificação e capacitação profissional para viver a dignidade de quem se é”, elucidou.

Ao final do lançamento da CF, os presentes foram convidados para conferir o trabalho realizado pela Pastoral de Rua (Matriz de Campinas), que, no dia, produziu 150 marmitas para a população em situação de vulnerabilidade. Os participantes também foram motivados a distribuir o alimento, no retorno para casa.

A comunidade acadêmica da PUC Goiás prestigiou o evento e se fez presente através da reitora Olga Ronchi, ex-reitores, gestoras e docentes dos programas de extensão,  professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião e Paróquia Universitária São João Evangelista.

(Fotos: Weslley Cruz)