Coleta de dados genômicos em espécies do Cerrado impulsiona pesquisa coordenada pela PUC

Entre os dias 17 e 30 de maio, três pesquisadoras de Goiânia participaram de uma capacitação técnica no laboratório SAGA – Serviço de Análise Genética para a Agricultura, vinculado ao Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT), em Texcoco, no México. O principal objetivo da formação foi a coleta e o processamento de dados genômicos de espécies nativas brasileiras, que serão fundamentais para projetos de pesquisa coordenados pela PUC Goiás, em especial o PPBio Araguaia.

A equipe foi composta pelas pesquisadoras Mariana Telles, Thannya Soares e Carmen Barragán, com apoio financeiro de quatro projetos: PPBio Araguaia, Araguaia Vivo, Rede CoMBaru e o INCT em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade (INCT EECBio). A professora doutora Mariana Telles, da PUC Goiás, coordena o PPBio Araguaia. Thannya Soares, egressa da PUC Goiás, e Carmen Barragán atuam como docentes na Universidade Federal de Goiás (UFG).
Durante a primeira semana de atividades no SAGA, o grupo trabalhou intensamente com amostras de três espécies nativas do Cerrado: Caryocar brasiliense (pequi), Dipteryx alata (baru) e Brachyplatystoma filamentosum (piraíba). Essas amostras, previamente coletadas no Brasil, foram preparadas para aplicação da metodologia DArTseq, uma tecnologia de genotipagem genômica de alta precisão, ainda pouco explorada em espécies da biodiversidade brasileira.
A coleta de dados genômicos envolveu várias etapas laboratoriais, como o preparo de amostras, ajustes técnicos nos protocolos e o desenvolvimento completo dos marcadores moleculares. Devido à complexidade biológica das espécies nativas, foram necessárias adaptações específicas, realizadas em estreita colaboração com a equipe técnica do SAGA. O sucesso dessas adaptações representa um passo importante para a padronização da metodologia com espécies do Cerrado.
Na segunda semana, foram finalizadas as bibliotecas genômicas e inseridas para sequenciamento no equipamento Illumina NovaSeq 6000, de última geração. Os primeiros resultados saíram já na terça-feira, possibilitando o início imediato das análises de qualidade dos dados e da genômica de populações. As pesquisadoras receberam ainda treinamento em estatística genômica e no uso de ferramentas especializadas para interpretação dos dados.
A coleta e processamento dos dados no México foram etapas decisivas para as pesquisas em andamento no Brasil. Os dados retornaram com as pesquisadoras no dia 30 de maio, já processados e prontos para análises aprofundadas. Esses dados embasarão a produção científica e alimentarão uma base de conhecimento que será compartilhada com as equipes locais dos projetos envolvidos.
Essa ação também se insere em uma iniciativa mais ampla: a implementação do Centro de Excelência em Genética e Genômica (CEGGen), que será coordenado pela equipe da PUC Goiás. A experiência prática adquirida no CIMMYT fortalece a formação da equipe técnica que atuará no centro, contribuindo diretamente para a infraestrutura e a competência científica regional.
Além do trabalho laboratorial, a visita proporcionou às pesquisadoras uma imersão no CIMMYT, um centro de referência internacional em melhoramento genético vegetal. Elas conheceram os bancos de germoplasma e áreas de conservação de milho e trigo, espécies centrais para a segurança alimentar mundial. O contato com variedades ancestrais e modernas ampliou a compreensão sobre a domesticação e diversidade genética dessas culturas.
A colaboração com o CIMMYT representa um marco na internacionalização da pesquisa realizada no Brasil. A troca de experiências com pesquisadores de diferentes realidades fortalece redes de cooperação científica e enriquece o processo formativo, posicionando a PUC Goiás como protagonista em iniciativas estratégicas de pesquisa genética e conservação da biodiversidade.