Código de Ética do Assistente Social pauta roda de conversa na academia

Os 30 anos do Código de Ética do Assistente Social pautaram uma roda de conversa que reuniu egressos, estudantes de mestrado, docentes e o Conselho Regional de Serviço Social nesta quinta-feira, 23, nas Salas Multiuso da Área 4, para debater esse marco e projetar a perspectiva da profissão para os próximos anos.

Promovido pelo curso de graduação e o Mestrado em Serviço Social da PUC Goiás, em articulação com parceiros, o evento trouxe uma reflexão profunda sobre o Código aprovado em março de 1993, que é fruto de debates, produções e pesquisa.

A organização do evento, em conjunto com os Conselhos Federal e Regional da categoria, frisou que o documento é fruto de uma construção coletiva que incorpora novos valores éticos, fundamentados na definição mais abrangente, de compromisso com os usuários e usuárias, com base na liberdade, democracia, cidadania, justiça e igualdade social.

Dentro deste contexto, a docente do Mestrado em Serviço Social, profa. dra. Sandra de Faria, informou que o Código marca uma inflexão no debate sobre o serviço social brasileiro, na qual a ética é pensada como dimensão humana.

“Ela é construída historicamente e está colada à perspectiva da história das relações sociais e das mudanças das condições sócio históricas que mantém desigualdades, exploração e expropriação da riqueza. É uma ética que vai se colocar numa perspectiva de qualificar o exercício profissional não só no caráter da prescrição de normas, mas em um conjunto de valores para os assistentes sociais no Brasil”, refletiu a professora.

Ela também reforçou que o Código de Ética, as diretrizes curriculares e a lei de regulamentação profissional dão sentido a um projeto de profissão, que “do ponto de vista ético e político tem como horizonte os interesses históricos e imediatos da classe trabalhadora”.

Encontro de gerações na academia

O evento acolheu egressas e egressos que se destacam no mundo do trabalho. Além de relatarem como o Código de ética impacta na atuação profissional, eles ressaltaram como a formação acadêmica foi essencial para alcançar os postos onde estão hoje, além de enfatizarem a importância da profissão e o papel da(o) assistente social no Brasil.

Servidora da Secretaria Estadual da Saúde, a egressa Taiara Sales Moreira de Souza atua como gestora no órgão com o compromisso de implantar, dentro do estado de Goiás, a política de saúde para a população migrante e refugiados apátridas.

Ela pontuou dois grandes desafios para a implementação da política, a barreira da língua e as questões interculturais, destacando que seu papel é sensibilizar os profissionais do SUS e garantir o acesso dessa população à saúde.

“Fazemos a gestão e o planejamento desta política para que ela também se efetive em direitos, direitos humanos, especialmente. Aqui no meu berço de formação tive minha base ética, teórica, política e filosófica que me subsidiou para a prática profissional”, reforçou.

Assistente social da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social da Prefeitura de Goiânia, Sarah Martins também retornou aos bancos da universidade para refletir sobre a importância do Código e relatar sua experiência de orientação à população em situação vulnerável em um CRAS da região Noroeste da capital.

“Olhamos para aquela pessoa para além da necessidade imediata: ela tem direito a um atendimento de qualidade. O Código traz desafios que esbarram nas contradições do dia a dia: como a gente faz um bom atendimento sem ventilação numa sala e se não tem água filtrada?!Não perdemos a esperança de que nosso Código é uma projeção daquilo que a gente almeja e defende. Foi há 30 anos, mas ele continua atual e responde às demandas da sociedade”, refletiu.

Aprovada no concurso público para o cargo de assistente social do munícipio de Senador Canedo um ano antes de se formar na PUC, Jenyffer Estival, destacou que foi na universidade, junto ao corpo docente, que ela construiu toda a base para pensar, propor e executar políticas e programas sociais.

“Tenho muito orgulho de fazer parte desta casa e penso de que forma, como assistente social, posso impactar a vida de outras pessoas”, destacou. Antes de assumir a função no interior, Jenyffer trabalhou na OVG, onde estagiou e assumiu cargo de gerência na área de integração dos jovens ao mundo do trabalho.

Juntamente ao corpo de gerentes e diretoria de programas especiais, a egressa propôs o texto da legislação que reformulou o Programa Bolsa Universitária, atualmente chamado ProBem, que possibilita o ingresso e a permanência dos jovens de baixa renda no ensino superior.

Durante o debate, a ex-aluna relatou suas experiências profissionais, refletindo que o Código de Ética é resultado e se materializa em um contexto histórico, social e político. “Não é só um documento, mas algo que norteia nossas ações e conduta profissional. Ele me faz refletir sobre o tipo de profissional que estou sendo, aquele que quero ser e o mais importante: o tipo de profissional eu não quero ser”, complementou.

 

Fotos: Weslley Cruz